Ó Pai,
Se este cálice não pode passar
Sem que eu o beba,
Faça-se a tua vontade!
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
E ficais longe de meu grito e minha prece?
Ó meu Deus, clamo de dia e não me ouvis,
Clamo de noite e para mim não há resposta!
Ó Pai,
Se este cálice não pode passar
Sem que eu o beba,
Faça-se a tua vontade!
Foi em vós que esperaram nossos pais
Esperaram e vós mesmo os libertastes
Seu clamor subiu a vós e foram salvos
Em vós confiaram e não foram enganados
Ó Pai,
Se este cálice não pode passar
Sem que eu o beba,
Faça-se a tua vontade!
Quanto a mim, eu sou um verme e não um homem
Sou o opróbrio e o desprezo das nações
Riem de mim todos aqueles que me veem
Torcem os lábios e sacodem a cabeça
Ó Pai,
Se este cálice não pode passar
Sem que eu o beba,
Faça-se a tua vontade!
Ao Senhor se confiou, ele o liberte
E agora o salve, se é verdade que ele o ama!
Desde a minha concepção me conduzistes
E no seio maternal me agasalhastes
Ó Pai,
Se este cálice não pode passar
Sem que eu o beba,
Faça-se a tua vontade!
Desde quando vim à luz vos fui entregue
Desde o ventre de minha mãe sois o meu Deus
Não fiqueis longe de mim, porque padeço
Ficai perto, pois não há quem me socorra!
Ó Pai,
Se este cálice não pode passar
Sem que eu o beba,
Faça-se a tua vontade!